Resenha: O Doador de Memórias, de Lois Lowry


O Doador de Memórias - Quando Não Há Memórias, A Liberdade É Apenas Uma Ilusão

Título: O Doador de Memórias
Autor (a): Lois Lowry
Editora: Arqueiro
Páginas: 192
ISBN: 9788580412994
Classificação: 



Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry contrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes. Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz idéia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.



Em O Doador de Memórias, Jonas vive em uma comunidade utópica: não há desavenças, não há ódio ou desorganização. Em contrapartida, sentimentos são mascarados e não há individualidade. A população vive sob a Mesmice.

Nessa comunidade depois da cerimonia dos Doze (anos) cada indivíduo é designado para uma área de trabalho, e Jonas acaba sendo designado como o novo Receptor. Seu trabalho é reter todas as memórias e sensações que, ao serem retiradas, permitiram que a população vivesse em ordem. É uma honra e uma raridade, pois só existe um receptor até então, e este vira o Doador, pois irá repassar as memória ao protagonista. Memórias de guerra, de paz, de solidão, de amor, etc. Então Jonas se pergunta: valeu a pena a população largar tais memórias?

O livro é o primeiro de uma série de quatro e foi escrito há 20 anos atrás, em 1994, mas poderia muito bem ter sido ontem, pois nele há uma atemporalidade que torna a leitura ainda significativa.

A escrita de Lois Lowry é fascinante: o livro é curto, a autora economizou palavras, o que deu um movimento muito mais rápido à história, sem desperdiçar páginas e páginas de descrições ou situações inúteis.

Outro aspecto chamativo da história é a formatação ao mesmo utópica e distópica da comunidade. Sim, sentimentos são mascarados, não há cores nem nada do tipo, mas as pessoas parecem tão bem com suas vidas que durante vários momentos o próprio leitor se pergunta “será que não valeria a pena abrir mão de sensações em troca de um bem-estar coletivo?”.

O único ponto negativo no livro foi a ausência dos personagens secundários na trama, que estavam lá, mas foram deixados em segundo plano. A autora acabou focando muito na relação aluno-mestre entre Jonas e o Doador que acabou esquecendo dos amigos do garoto. Mas isso é algo que, esperançosamente, será corrigido nos outros 3 livros da série intitulada “Quarteto O Doador”.

O Doador de Memórias é o tipo de livro que marca o leitor, com uma universalidade incrível, que não só entretê, mas faz quem quer que esteja lendo o livro, criança ou adulto, refletir.


OBS: Um filme baseado no livro estreia no Brasil dia 11 de Setembro. Assista ao trailer aqui

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