Resenha: O Circo da Noite, de Erin Morgenstern



Título: O Circo da Noite
Autor (a): Erin Morgenstern
Editora: Intrínseca
Páginas: 365
ISBN: 9788580571608
Classificação: 
   




Sob suas tendas listradas de preto e branco uma experiência única está prestes a ser revelada: um banquete para os sentidos, um lugar no qual é possível se perder em um Labirinto de Nuvens, vagar por um exuberante Jardim de Gelo, assistir maravilhado a uma contorcionista tatuada se dobrar até caber em uma pequena caixa de vidro ou deixar-se envolver pelos deliciosos aromas de caramelo e canela que pairam no ar. Por trás de todos os truques e encantos, porém, uma feroz competição está em andamento: um duelo entre dois jovens mágicos, Celia e Marco, treinados desde a infância para participar de um duelo ao qual apenas um deles sobreviverá. À medida que o circo viaja pelo mundo, as façanhas de magia ganham novos e fantásticos contornos. Celia e Marco, porém, encaram tudo como uma maravilhosa parceria. Inocentes, mergulham de cabeça num amor profundo, mágico e apaixonado, que faz as luzes cintilarem e o ambiente esquentar cada vez que suas mãos se tocam. Mas o jogo tem que continuar, e o destino de todos os envolvidos, do extraordinário elenco circense à plateia, está, assim como os acrobatas acima deles, na corda bamba.

O circo chega sem aviso. Com suas tendas listradas em tons de preto e branco, Le Cirque des Rêves pode estar em qualquer lugar,a qualquer momento. Abrindo ao anoitecer e fechando ao amanhecer, é formado de tendas que são como um sonho que atrai dezenas de sonhadores ao redor do mundo, mas também é bem mais que isso. O circo é, na verdade, o palco de uma competição.

Tudo começou vários anos antes, quando dois amigos concordaram em criar uma competição mágica, envolvendo seus pupilos, Celia e Marco. As duas crianças, que não se conheciam, cresceram treinando para a suposta competição. Anos se passaram e um grupo de amigos, Monsieur Lefèvre, Madame Padva, Sr. Barris e as irmãs Burgess, criaram Le Cirque des Rêves, sem saber que estavam criando o cenário para o duelo entre os dois protagonistas.

O livro, com uma premissa entusiasmante, tinha tudo para ser uma obra prima, mas simplesmente não é. 

O Circo da Noite se passa no fim do século XIX e o início do século XX e seus capítulos alternam não só os anos, não seguindo uma linha temporal exata e podendo passar de 1902 para 1875 muito rapidamente, como alternam os pontos de vista, deixando a interpretação do texto além de confusa, maçante.

As primeiras 150 páginas são simplesmente chatas: os capítulos vem para o passado e voltam para o futuro, mudando de pontos de vista, sem nenhum padrão aparente; personagens e mais personagens os quais aparentam ser completamente inúteis aparecem o tempo todo; e essas 150 páginas parecem ser formada por uma "cola" de situações que avaliamos ser indiferentes à história. 

Os dois personagens principais nem protagonistas parecem ser, de tão pouco que aparecem,e nas vezes que aparecem, mal são descritos por sua verdadeira natureza. Ou seja, o leitor passa meio livro sem poder saber se gosta ou não de Celia ou Marco.

Porém, após essas 150 páginas, a leitura fica um pouco mais rápida e as peças parecem se juntar melhor. Porém a história continua sendo um tanto cansativa de se ler.

E é claro, aparece o romance. Que acaba sendo simplesmente fraco. Depois do fim do livro é entendível o porquê do romance ter seguido esse caminho, mas isso não o trona menos forçado. Isso ocorre, basicamente, por ter sido apresentado de forma rápida e inesperada, na metade do livro. Em um capítulo os dois protagonistas nem se conhecem, em outro, já estão dizendo "eu te amo", e isso acaba o deixando cliché e sem graça.

Mas o que mais decepcionou a mim e, provavelmente, boa parte das outras pessoas que leram O Circo da Noite, foi o duelo entre Celia e Marco. A competição, que na sinopse era prometida como perigosa e emocionante, era, na verdade, calma e passiva, durando praticamente metade da narrativa da obra inteira.

O livro, porém, tem lados bons o suficiente para que valha a pena lê-lo: alguns personagens, como os gêmeos, Bailey, Friedrick Thiessen, Chandresh, entre outros; a forma como a mágica é vista, não como algo sobrenatural, mas como parte do nosso mundo, que pode ser aprendida por qualquer um que esteja disposto a percebê-la; o fato do livro ser cheio detalhes ricos sobre os cenários e situações, de um jeito que envolve o leitor de forma prazerosa, como se o mesmo fosse um personagem crucial para a história. Os locais, cheiros, ropas, tudo é descrito bela e incrivelmente... Erin Morgenstern fornece ao livro um encantador jogo de palavras, que deixa cada página mais bela e abundante de detalhes que envolvem o leitor na cena.

Finalmente, se você espera ler o Circo da Noite pois quer viver uma aventura como Harry Potter ou Jogos Vorazes, nem leia; mas se quiser uma leitura calma e parada, na qual poderá se sentir no circo onde uma confusão de preto e branco, o limite da vida é a mágica, então você irá adorar esse livro.

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