Resenha: Garota exemplar, de Gillian Flynn

Título: Garota Exemplar
Autor (a): Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Páginas: 448
ISBN: 9788580572902
Classificação: 



Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?

O livro é dividido em três partes: a primeira parte é mais parada e cansativa de se ler, simplesmente pelo fato de que é mais focada em mostrar como era o casamento de Nick e Amy antes do sumiço dela, e os capítulos são alternados entre o ponto de vista do Nick e um trecho aleatório do diário de Amy. Já as duas últimas partes são focadas nas respostas às perguntas que rondam o livro durante às duzentas páginas anteriores. Onde está Amy? O que houve com ela? Porque Nick não para de mentir à polícia? Eu, pessoalmente, gostei muito dessa divisão, porque o livro possui muitas reviravoltas, e isso ajudou muito a mostrar ao leitor os acontecimentos sem que tudo ficasse muito confuso.

A história é incrivelmente bem arquitetada, é construída de forma que cada detalhe acaba sendo importante, e a forma como a autora usa e abusa das palavras é simplesmente magnífica. É no mínimo prazeroso ler o seu jogo de palavras e frases.
É uma época muito difícil para ser uma pessoa, apenas uma pessoa real, de verdade, em vez de uma coleção de traços de personalidade escolhidos de uma interminável máquina automática de personagens. E se todos nós estamos atuando, não pode existir algo como uma alma gêmea,  porque não temos almas genuínas.
É um pouco complicado falar em relação aos personagens, porque, enquanto que os personagens secundários quase não tem importância para o enredo da história, os dois principais são bastante complexos. Os dois passam por muitas coisas ao longo da narrativa, que acabam moldando ainda mais suas personalidades já um tanto complicadas.  Ainda mais importante, é a forma como a dinâmica de casa deles é apresentada: eles têm bilhões de problemas no casamento, mas ao mesmo tempo são, de certa forma, codependentes. Chega a ser um pouco confuso, até.
Então isso tinha que parar. Ser comprometida com Nick, me sentir segura com Nick, ser feliz com Nick, me fez perceber que tinha uma verdadeira Amy aqui, e ela era muito melhor, muito mais interessante, complicada e desafiadora que a “Amy Legal”. Nick queria a “Amy Legal” de qualquer jeito. Você consegue imaginar, finalmente revelar seu verdadeiro eu ao seu cônjuge, à sua alma gêmea, e ele não gostar de você? E foi assim que o ódio começou. Pensei muito nisso, e foi quando começou, acho.
Minha maior reclamação em relação ao livro é sobre a primeira parte. Foram, basicamente, duzentas páginas falando sobre o casamento problemático de Nick e Amy e dando reviravoltas sobre o sumiço dela, e eu tenho que dizer que tive pouco paciência de ler, mas no fim acabou valendo a pena, simplesmente por que, além da parte voltada ao romance, que era formidável, todo o suspense do livro foi escrito da melhor forma possível, prever o que viria depois era uma tarefa complicada. As perguntas rondam as mentes dos leitores, e quando essas são respondidas, aparecem novas perguntas, então não dava pra largar o livro.


Garota Exemplar é um verdadeiro thriller de suspense psicológico, daqueles que fazem o leitor criar dezenas de teorias impossíveis, suspeitar de cada personagem, e, ainda assim, se surpreender no final.

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